29 de outubro de 2012

ESCALE MAIS CUIDANDO DA PELE DA SUAS MÃOS

O cuidados com as mãos é essencial ainda mais quando se escala. É incontável as vezes em que ouvimos pessoas reclamando que páraram de escalar por causa da pele e não por cansaço. Neste artigo mostrarei algumas soluções e sugestões de tratamentos para os problemas específicos de hidratação da pele nas mãos.

Começaremos este artigo falando do "Climb On!". Ele começa a ser conhecido mais e mais pela trupe escaladora. Também não é a toa: Ele é um hidratante importado, feito especialmente para a galera que gosta de pedra! Pelo que pesquisei esta complicado achar aqui no brasil, tinha na lojinha da escalada mas não encontrei mais lá. Se alguém souber onde encontrar deixa a dica!!!

A barra Climb On! é um potente hidratante de pele totalmente puro (sem substâncias sintéticas e petroquímicas) e também um ótimo produto de primeiro socorros para ser aplicado em queimaduras, cortes, arranhões, urticárias, cutículas e calcanhares rachados, e em todos os tipos de problemas de pele.

A cera de abelha e o germem de trigo, ambos sem refinamento, o óleo da semente de damasco, o óleo da semente da uva, a vitamina E e os óleos essenciais com propriedades antifungicida, antibactericida e antiséptica, fazem de Climb On! O mais potente reparador de pele no mercado.

Além de recuperar a sua pele, o fabricante deste produto tem total consciência ecológica e por isso ele é 100% não tóxico e 100% biodegradável. Sem contar que eles não realizam testes em animais.

Para mostrar na prática como ele atua, fiz duas fotos:


Foto de dedos após treino na Limite Vertical (mão já lavada, sem magna)


Foto dos dedos na manhã seguinte após passar Climb On! antes de dormir

Com essas fotos vocês podem ver que a diferença foi notável. Ela atua diferentemente para cada um e todos os retornos que tive até agora do pessoal que comprou é que ele ajudou de alguma forma na recuperação da pele. Mais uma vez, não existe produto milagroso, mas o Climb On! tem resultados impressionantes com cicatrização. A pele também dá uma engrossada (com a utilização diária do produto), deixando-a com uma aparência plástica além de ajudar em casos de cutículas rachadas (que ocorrem quando se faz muita pressão nos dedos).

A minha sugestão de uso também é esta, antes de dormir. Por ser um hidratante concentrado ele é bem oleoso ao toque e a pele demora uma meia hora para absorvê-lo. Para cortes e outras feridas em locais específicos é aconselhado passar mais vezes ao dia.

Tenho outras dicas para o pessoal que anda sofrendo com a pele: A pele é diferente em cada parte do nosso corpo e é por isso que vale a pena investir em cremes hidratantes específicos para as mãos. Geralmente eles são mais reforçados (com queratina e outros óleos vegetais) e atuam na recuperação da pele, unhas e cutículas. A média de preço fica em torno de R$10 nas marcas nacionais e as opções com tratamento anti-envelhecimento ou importadas elevam o custo para acima de R$30.

Um dos problemas desses tipos de creme é que eles saem facilmente ao toque. O que muitas mulheres fazem para segurar a hidratação por mais tempo é passar o creme nas mãos e pés antes de dormir e colocar luvas e meias - ambas de algodão para que a pele também possa respirar. Você acorda e a sua pele está macia e hidratada devido ao contato prolongado com o creme! (Você também encontra cremes chamados de luva de silicone que fazem uma camada protetora em suas mãos para que elas não fiquem ressecadas com o contato da água e outros produtos diários).

A conseqüência de uma pele seca são as cutículas rachadas que nos dão aquela sensação de ardor. E a sugestão que dou é empurrá-las. Elas diminuem o contato com a unha e pele e evitam seu rachamento:


1) Visualize a linha da sua cutícula

2) Passe qualquer creme hidratante para amolecê-la

3) Com um bastão de madeira para unhas, encontrado facilmente em qualquer farmácia, começe a empurrar a cutícula até que ela se solte da unha.

4) Metade da cutícula empurrada e metade ainda sem ser mexida

5) Cutícula totalmente empurrada

Se você sentir dificuldade para realizar este procedimento, saiba que qualquer manicure sabe fazê-lo - procure uma em sua região. Manutenção semanal é aconselhável.

Só quero alertar para duas coisas:

- Os cremes industrializados possuem muitos químicos que são diretamente absorvidos pela nossa pele (Ainda mais nos cremes hidratantes) e aconselho vocês pensarem duas vezes na escolha por seu creme de uso diário, constante e de longo prazo.

- O outro porém é sobre a cutícula: Apesar dela nos atrapalhar na escalada ou na parte estética, ela nada mais é que uma proteção natural para a unha. Empurrá-la é melhor do que retirá-la - a sua remoção pode abrir portas para infecções e fungos.

Outras soluções naturais*:

Outra técnica bem utilizada pelos escaladores é a utilização de própolis. Essa substância natural contém propriedades antibióticas e fungicidas que atuam muito bem para cicatrizações da pele e em muitas outras coisas. O mais indicado é o extrato de própolis puro sem adição de álcool. Vocês verão que o mais encontrado em farmácias é justamente o que contém álcool pelo custo mais baixo. Em ambos os casos, passe no local e deixe secar. Na composição com álcool, em caso de ferida, espere ardência local.

O óleo de macadâmia é outro produto de popularidade na escalada. Ele contém propriedades anti-envelhecimento e amaciantes além de ser uma essência muito gostosa. A macadâmia consegue manter uma hidratação contíua da pele por ser facilmente absorvida. Deve ser passada diretamente no local desejado.
(Também encontrado em farmácias e lojas de produtos de manipulação e homeopatia)

A arnica pertence à família do girassol e tem grande uso na homeopatia. Grande parte o seu uso é externo pois em grandes quantidades ele é extremamente tóxico. Além de hidratar, ele combate infecções e alivia dores locais.
A dica foi do Eric Nyssen: "Gostaria de acrescentar a dica da pomada de arnica: esta pomada é poderosa quando se escala muito em fendas e no fim do dia as mãos estão doloridas devido aos multiplos entalamentos ... esta pomada alivia a dor legal e além do mais hidrata bem a pele. Ha diversas variantes, umas com outros aditivos, outras nao. Eu particularmente utilizo uma orgânica que vem com o nao sei o que mais. Adquiri aqui na Bélgica numa loja de produtos organicos e funcionou bem em Yosemite, quando de noite na barraca apos lavar bem as maos (com varias feridas) passava propolis (55% tb organica) e em seguida esta pomada a base de arnica. Segurou bem mesmo a barra, escalei todos os dias sem sofrimento e nada infeccionou (no Camp 4 nao ha duchas, so uma piazinha e o rio Merced p/ banho sem sabao, claro)."

(Lembramos que o acompanhamento de um médico ou profissional da área é fundamental para qualquer atividade e não nos responsabilizamos pela má utilização das informações aqui compartilhadas)

E para os mais ousados tem a dica que vem do descedaidoido: "Um belo dia, olhando para uma bisnaga de hidratante, tive a idéia genial (ou não) de misturar os dois (extrato de própolis + Hidratante). Racionalizando, o hidratante ia retirar duas coisas paia do extrato: o lance de ressecar a mão e de ficar fedendo. Misturei os dois bagulhos, e surgiu uma pasta amarelada, parecendo margarina derretida. Comecei a testar o troço e posso dizer que até agora tá dando certo (meus dedos ainda não cairam). Não parei mais de treinar por causa de mão queimando, só braço bombado mesmo."

Texto: Yuri Hayashi e descedaidoido


1 de outubro de 2012

Treino da Flexibilidade

A flexibilidade é a capacidade de realizar movimentos com a máxima amplitude articular, de forma passiva ou activa. Esta qualidade física é altamente específica, ou seja: o seu desenvolvimento para um determinado membro ou movimento não acarreta melhoramentos ao nível dos outros membros. Assim, o treino da flexibilidade tem de ser orientado de acordo com as necessidades dos indivíduos e das actividades que realizam.

No montanhismo ou na escalada, a flexibilidade não é um factor determinante, mas pode ter importância ao nível da coordenação, precisão e economia de esforço. Sempre que, ao realizar um movimento, nos aproximamos da nossa amplitude articular máxima, desencadeamos um conjunto de reflexos neuromusculares que limitam e prejudicam a execução. Esses reflexos existem para proteger a integridade do aparelho locomotor, evitando que se ultrapassem as amplitudes “seguras”.

A flexibilidade é afectada por diversas estruturas do nosso organismo, como a cápsula articular, o músculo, os tendões, os ossos e a própria pele. No entanto, a cápsula articular e os músculos são responsáveis por cerca de 90% da limitação. Em certas articulações e/ou movimentos, a limitação é essencialmente óssea (como na extensão do cotovelo), pelo que não faz sentido tentar melhorar a amplitude (a menos que desejemos uma fractura!).


Reflexo Miotático

No músculo, ligada à célula muscular, existe uma estrutura denominada “Fuso Neuromuscular” (FNM). Esta estrutura detecta o grau de extensão do músculo, desencadeando um reflexo (o reflexo miotático) que trava a extensão: quando o músculo se estende inesperadamente ou para além dos seus limites, o FNM desencadeia a contracção do músculo, travando o movimento. Este reflexo é incontrolável e pode ser responsável pela diminuição da velocidade de execução e pelo aumento do gasto energético (é “mais uma” contracção…).
Reflexo Miotático Inverso

- no tendão, existe outro orgão proprioceptor (detecta o estado do organismo) que desencadeia um reflexo oposto ao anterior: o Orgão Tendinoso de Golgi (OTG). Este orgão detecta o estiramento do tendão, pelo que reage às contracções do músculo. Quando o músculo se contrai intensamente, o OTG “sente” o estiramento do tendão e desencadeia o relaxamento do músculo contraído.
Porque é que falamos nestes “pormenores complicados”?

Porque eles são determinantes na compreensão da importância da flexibilidade e dos seus métodos de treino. Até agora, espero que já tenha ficado claro porque é que a flexibilidade prejudica a coordenação e a economia energética (mais contracções “parasitas”!). Quanto aos métodos de treino de flexibilidade temos:


Método Estático

Consiste na execução lenta e controlada do movimento até ao limite da amplitude. A posição é então mantida por um período de 30 segundos a um minuto. Podemos executar o estiramento sem auxílio nem cargas adicionais; utilizando o nosso próprio peso ou uma ajuda externa para forçar a posição ou ainda a própria contracção dos músculos antagonistas como forma de contribuir para o estiramento. Os exercícios devem ser organizados em 3-4 séries e repetidos várias vezes (10 a 20).
Método Balístico

Os exercícios executam-se de forma rápida, com insistências (1,2,3…), sendo a sua velocidade que contribui para o estiramento. É um método mais doloroso e arriscado, que é por vezes usado em alguns desportos de combate. O “esticão” provocado no músculo desencadeia o Reflexo Miotático e a contracção muscular, que por vezes, torna o exercício algo doloroso.
Método PNF (Facilitação Proprioceptiva Neuromuscular)

Este método utiliza os reflexos miotáticos (proprioceptivos) em nosso benefício, utilizando-os como facilitadores do desenvolvimento da flexibilidade. Consiste no seguinte: realizamos o movimento escolhido até próximo do nosso limite de amplitude (sem chegar a sentir dor). Nesse momento, com a ajuda de um parceiro que impede o movimento, realiza-se uma contracção isométrica máxima dos músculos antagonistas (no sentido contrário ao estiramento pretendido). Essa contracção é mantida durante 5-6 segundos com a oposição do ajudante. Seguidamente, relaxa-se e o ajudante força mais um pouco o limite da amplitude (por um período de 20-30″). Após um repouso de cerca de 60″, repete-se o exercício até 3X.

Como é que este método aproveita os reflexos?


A contracção isométrica dos antagonistas provoca a distensão do tendão e a estimulação do OTG, que desencadeia o seu posterior relaxamento, e assim contribui para a facilitação do estiramento muscular. Por outro lado a contracção dos músculos evita a estimulação precoce do FNM que, de outra forma, iria dificultar o estiramento.

Como é que devemos organizar o treino da flexibilidade?

O momento mais adequado para realizar o Treino de Flexibilidade é após o aquecimento e não no final das sessões de treino. A sensação dolorosa habitual nos estiramentos deve ser controlada, interrompendo-se uma execução sempre que a dor seja “anormal”. Se a dor persistir após o treino, devemos interromper o treino de flexibilidade da zona afectada por alguns dias. Não devemos realizar o treino de flexibilidade imediatamente antes de uma sessão intensa de treino de força ou de uma competição, devido ao risco de lesão (e até porque o treino de força ou competição seriam muito prejudicados…).

No final de um treino de força, a nossa sensibilidade local encontra-se bastante alterada, o que torna difícil reconhecer o limite do estiramento, evitando as lesões musculares. Por isso, o treino de flexibilidade propriamente dito também não deve ser realizado imediatamente após o final destas sessões. No entanto, é extremamente importante que se realizem estiramentos, mas apenas com o objectivo de repôr a mobilidade perdida (ver “efeitos do treino da força”) e não com o objectivo de a aumentar!

Esta distinção entre estiramentos (ou alongamentos) e treino de flexibilidade é muito importante e origina algumas confusões (e muitas lesões!).

 fonte: http://treino.desnivel.pt